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domingo, 1 de fevereiro de 2009

"Mãe" da internet diz que não gosta de computadores



Ela é conhecida por ser a criadora do protocolo Spanning Tree (STP), usado para encontrar um caminho entre dois pontos de uma rede mesmo quando alguns roteadores falham. Graças a ele, a internet pode se desenvolver do modo como a conhecemos. Apesar de ser um de seus trabalhos mais reconhecidos, ela mesma confessa que deve aperfeiçoá-lo por considerar que o algoritmo não está suficientemente robusto nem extensível. Ela é a americana Radia Perlman, 52 anos, atual Chief Technology Officer da Sun Microsystems, e também conhecida como "mãe" da internet. E não gosta de computadores, por serem "complicados e frágeis".

Na Espanha, nesta semana, falou ao jornal El País por ocasião do Dia da Privacidade de Dados, comemorado nos Estados Unidos, Canadá e outros 27 países europeus na última quarta-feira. Quase como uma provocação, surpreendeu ao afirmar que não gosta de computadores por serem complexos e frágeis. "Tenho apenas um celular, dos mais normais. E não canso de dizer que não é seguro que toda a voz vá sobre IP, em caso de emergência temos que ter o telefone de cabo de sempre".

Radia tem mais de 70 patentes registradas ao longo da carreira - quase sempre ligadas à segurança na internet. E algumas são curiosas.

Como exemplo, o que começou como uma experiência com crianças de 2 a 5 anos de idade, aos quais ela quis ensinar a programar. Desenvolveu um sistema de programação tangível chamado TORTIS, que permitia às crianças pressionarem botões para gerar diferentes ações.

Também é autora de dois livros sobre redes, e alguns de seus trabalhos incluem um protocolo para apagar informação que já não seja útil, o EPhemerizer, ao qual tem dedicado mais tempo atualmente; e outros para autenticar usuários, o User Centric PKI.

Nesta mesma linha, Radia ironiza os avisos de segurança que os programas contêm. "O consumidor recebe mensagens como 'não execute aplicações perigosas'... mas como ele vai saber quais são? Ainda mais hoje, quando todas são potencialmente perigosas." E reafirma: "Por acaso não são um perigoas macros contidas hoje em todos os programas de uso massivo, como o Word e o Power Point, sem ir mais longe? Precisamente os mais perigosos são os mais usados para trabalhar diariamente nos escritórios".

A revolução da Web 2.0 e os meios sociais não a apaixonaram, exatamente, mas ela reconhece seus méritos. "Se há alguns anos tivessem me falado de Google ou Wikipedia, não daria um dólar por nenhum deles. E veja onde estão", disse ela ao jornal espanhol.

A preocupação de Radia segue focada em fazer com que os internautas sejam quem domine seus próprios dados na rede. "Avançamos tanto, que me surpreende não o termos feito em outros aspectos. Por exemplo, parece mentira que continuamos lidando com centenas de senhas para nos movermos pela internet, que ainda não tenhamos conseguido uma navegação segura, que comprar online signifique passar a fazer parte de uma base de dados querendo ou não, ou que usar nosso correio eletrônico possa ser uma excelente maneira para a entrada de malware ou vírus".

Atualmente, seu trabalho de pesquisa consiste em encontrar vias seguras e simples para destruir a informação de maneira definitiva quando for um imperativo legal ou, simplesmente, quando a pessoa ou empresa dona desses dados deseja fazê-lo.

Seu sistema Ephemerizer pretende que a pessoa possa guardar os dados durante um tempo, assegurando-se que eles sejam eliminados por meio da destruição das chaves com as quais foram encriptados.

Além disso, ela trabalha no redesenho e melhora do algoritmo em que baseou o STP para torná-lo mais robusto e estável. Este projeto se denomina TRILL (Transparent Interconnection of Lots of Links, na sigla em inglês, algo como Interconexão Transparente de Muitos Links, em livre tradução).

(Terra)

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