Não há nenhuma garantia de que tal problema não possa novamente acontecer com a própria Telefônica ou com as demais concessionárias de telefonia, também prestadoras dos serviços de Internet banda larga. Pela forma como o problema foi relatado, os técnicos do CGI.br temem que o país possa vir a sofrer um outro "apagão" ocasionado por falhas técnicas semelhantes.
Sigilo
Na reunião, um dos representantes da Telefônica apresentou um documento contendo, segundo ele, mais detalhes sobre o episódio - com informações além do que foram reveladas ao público por intermédio do presidente da empresa, Antonio Carlos Valente, quando o executivo convocou a imprensa para tentar explicar a pane.
"Nós tomamos a liberdade neste fórum (CGI.br) de trazer um pouco mais de informação do que a gente está trazendo para o público. Então, por outro lado, peço que se mantenha o acesso a este documento restrito ao grupo que está aqui", solicitou o funcionário da Telefônica que coordenava a equipe técnica, composta por cinco pessoas.
O portal Convergência Digital respeitará o sigilo dos nomes destes funcionários, pois eles não têm culpa se a empresa preferiu omitir alguns fatos do público consumidor. Apenas técnicos participaram desta reunião com o CGI.br, onde a Telefônica foi convocada para explicar uma pane que deixou o maior Estado do país sem internet por quase dois dias e, em alguns casos, empresas e órgãos públicos federais de outras regiões que contavam com os dados repassados por São Paulo.
De fato, o problema na rede da Telefônica começou na manhã do dia 2 de julho quando, internamente, os técnicos começaram a reparar que havia uma degradação no tráfego. O sinal estava intermitente na rede IP/MPLS, fato incomum e fora dos limites "aceitáveis" pela empresa. Simultaneamente começaram a chegar as reclamações de clientes, que buscavam informações junto ao call center da operadora sobre as quedas do serviço. A rede já sofria as oscilações, afetando ao mercado corporativo e aos consumidores de banda larga do Speedy.
Imediatamente o CPqD teria sido chamado pelos técnicos da Telefônica para. em conjunto, tentar identificar o que estaria ocorrendo, pois a rede insistia em manter seu tráfego intermitente, apesar de nenhum dano físico ter sido detectado. O técnico da Telefônica assegurou ao Comitê Gestor da Internet de que todas as ações tomadas para tentar sanar o problema foram implantadas a partir de um acordo entre a operadora, o CPqD e os quatro fabricantes de equipamentos que atendem à Telefônica, que também foram procurados para dar explicações sobre o problema.
Até então, a Telefônica trabalhava com uma rede precariamente sem saber o porquê das oscilações e das quedas de conexões dos usuários. Em algum ponto desta rede havia uma falha, mas os técnicos não conseguíam identificá-la. A partir daí foi que se começou a configurar o verdadeiro "apagão", conforme admitiu o presidente da concessionária à imprensa.
Para espanto dos membros do Comitê Gestor da Internet do Brasil, os técnicos informaram que a Telefônica só encontrou uma alternativa, nada tecnológica, para resolver o problema. Adotou o mesmo procedimento que uma pessoa comum faz quando há o travamento do seu sistema operacional num computador: Desliga o equipamento e o religa novamente.
Só que numa rede de transmissão de dados não se desliga tudo no mesmo momento, pois há um tempo para o sinal ir desaparecendo em toda a sua malha. Depois que se consegue efetivamente parar a transmissão é que chega a hora de religar o sistema e, desta forma, verificar se é daquele ponto que partia algum tipo de anomalia de sinal ou de tráfego de dados.
Esse procedimento foi adotado em várias etapas e locais da rede da Telefônica nos dois dias em que São Paulo ficou com a Internet em condições precárias. Até que, quando os sistemas foram religados na região de Sorocaba, no interior paulista, os técnicos começaram a visualizar que partia dali os dados "corrompidos" por um roteador, que acabava gerando a degradação na transmissão dos pacotes de dados em toda a rede.
A reunião não foi conclusiva. Mas o Comitê Gestor terminou o encontro ciente de que a Internet Brasileira está fragilizada pela falta de contingenciamento por parte das empresas, assunto que deverá provocar amplo debate entre a entidade e a Anatel - que foi representada no encontro pelo conselheiro Plinio Aguiar - pois a empresa deverá sofrer um longo processo por quebra de qualidade na prestação do serviço.
:: Convergência Digital :: 08/08/2008
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