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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

EUGENE KASPERSKY 42 anos, fundador do Kaspersky Lab



O czar do antivírus amplia seus domínios

Depois de trabalhar para a URSS e pôr a Rússia no mapa da segurança, ele relaxa fotografando destinos de viagens

O ano era 1989 e o cientista da computação Timothy Bernes-Lee havia acabado de propor a criação da World Wide Web. A internet como a conhecemos ainda engatinhava e, com ela, proliferavam códigos maliciosos capazes de arruinar o sistema operacional do computador e nos deixar com cara de espanto.

Foi o que aconteceu a Eugene Kaspersky, dono do Kaspersky Lab – atualmente um dos três maiores fabricantes de antivírus do mundo. Aos 23 anos, trabalhando com criptografia no Ministério de Defesa da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ele assistiu às letras de um texto em seu monitor despencarem, formando uma pilha na base da tela. Era o sinal de que seu computador estava infectado pelo vírus conhecido como Cascade.

Eugene passou a colecionar programas mal-intencionados e, em 1991 (ano do fim oficial da URSS), criou uma forma para detectá-los e combatê-los. Mais detalhes sobre aquela época, contudo, o russo diz ter esquecido, “já que os projetos nos quais eu trabalhava eram supersecretos e foram apagados da minha memória assim que deixei os prédios do governo”, brinca.

Sempre sorridente, ele não faz mistério quanto ao crescimento vertiginoso do Kaspersky Lab – empresa que fundou com a ex-mulher, Natalya, em 1997. Seu antivírus já contabiliza 250 milhões de usuários e pretende conquistar no ano que vem a vice-liderança – ocupada até agora pela norte-americana McAfee. “Vivemos uma nova era dos malwares. Antes as pessoas escreviam vírus para provar suas habilidades ou por vingança. Agora há quadrilhas organizadas com o objetivo de roubar suas informações e, principalmente, seu dinheiro”, diz.

Aos 42 anos, Eugene se considera conservador. Embora gaste a maior parte de seu tempo entre aviões, aeroportos e hotéis, tem um celular 2G, incapaz de aproveitar a rapidez da banda larga móvel recém-inaugurada também em Moscou. “Quando tenho um aparelho que funciona, não o troco. Não sinto falta de acessar a internet pelo celular. Prefiro sentar ao fim do dia diante do notebook com um copo de uísque para checar os e-mails ”, conta ele, que prefere o destilado escocês à famosa – e doce – vodca russa.

Quando deseja informações sobre uma região para a qual está viajando, por exemplo, apela para uma web 2.0 particular. Telefona para os gerentes locais do Kaspersky Lab e pede que o enviem dicas do lugar. “Acompanho sites de notícias sobre segurança. Mas não me aborreço: se algo é realmente importante, alguém vai me enviar por email.”

Sua última paixão é a fotografia. Com uma câmera digital, registra as paisagens dos países que visita afim de divulgar a marca Kaspersky e alertar para a crescente complexidade dos malwares. Posta as imagens em um blog (veja quadro), mas tem dúvidas se alguém as vê. “Bom, minha mãe eu sei que vê e é isso o que importa.”

CW-5>Mais um homem de negócios do que um criptógrafo, Eugene já elegeu seus sucessores em sua cruzada contr os vírus. Um deles começou tão jovem como o russo: aos 16 anos, o holandês Roel Shouwenberg enviou um email ao serviço de atendimento ao consumidor do Kaspersky Lab reportando uma falha no antivírus.

A perspicácia da solução sugerida chamou a atenção de Eugene, que convidou o adolescente para trabalhar com ele. “Meus pais disseram que, antes de terminar o colegial, eu não poderia ir. Então terminei e vim”, conta Roel, 24 anos, pesquisador-sênior há quatro anos no Kaspersky Lab.

(Juliana Rocha)

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