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domingo, 12 de outubro de 2008

Brasil é hoje um dos grandes atores políticos mundiais”, diz primeiro-ministro de portugal durante 13º meeting internacional

Crise econômica mundial também foi pauta das discussões entre empresários e políticos durante o evento.

Lisboa – Telecomunicações, bioenergia, crise econômica mundial, intercâmbio entre Brasil e Portugal e até eleições municipais. O Seminário, que integra a programação do 13º Meeting Internacional, em Lisboa, foi repleto de discussões e questionamentos com a participação de 160 empresários e autoridades brasileiras e portuguesas, na manhã do dia 10 de outubro (sexta-feira). A abertura ficou a cargo do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações de Portugal, Mario Lino, e o encerramento coube ao primeiro-ministro português, José Sócrates.

“O prestígio internacional do Brasil hoje é uma evidência e uma realidade. É um país seguro com uma elite empresarial forte. Ter o Brasil com respeitabilidade mundial é importante para a comunidade que fala português. É, sem dúvida, um dos grandes atores políticos mundiais da atualidade”, elogiou Sócrates, durante o Seminário, organizado pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais, que também reuniu sete senadores, 13 parlamentares, os ministros Hélio Costa, das Comunicações, e Edison Lobão, das Minas e Energia, além de representantes da cultura do Brasil.

O primeiro-ministro ainda salientou a estreita relação entre ambos os países e a necessidade de se fazer mais. “Com orgulho fomos um dos primeiros países a apostar no Brasil, principalmente no mercado de telecomunicações. Agora, outro passo marcante é a chegada da Embraer, que aqui vai construir aviões. Isso mostra uma nova fase na esfera econômica dos dois países”, afirmou.

Já o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mario Lino, ressaltou a importância do desenvolvimento da tecnologia, como eixo fundamental para Portugal. Para se ter uma idéia, este setor é responsável por 5% do PIB no país. “Nosso plano é arrojado: queremos combater a infoexclusão, aumentar o número de prestadoras de serviços, de cobertura da banda larga, chegar nas escolas e facilitar a vida da população”, explicou Lino.

Zeinal Bava, presidente-executivo da Portugal Telecom, confirmou as palavras de Mario Lino e Sócrates e ainda frisou o quão estratégico é para a empresa o mercado brasileiro, onde entrou em 1999. “Fizemos o maior investimento que uma empresa portuguesa aportou no Brasil e não nos arrependemos. No Brasil, temos 138 milhões de clientes, sendo 43 milhões da Vivo. Acreditamos que o telefone celular será o grande motor para mudarmos os hábitos e costumes do mundo, uma verdadeira revolução”, analisou Bava. “O Brasil é o quarto destino preferencial do investimento total português no exterior”, acrescentou Basílio Horta, presidente da Aicep (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal).

Muito assediados, Edison Lobão e Hélio Costa também expuseram a evolução de suas respectivas áreas no Brasil. “Nosso objetivo é melhorar a eficiência energética para garantir a energia de amanhã. E este setor tem despertado grande interesse das empresas estrangeiras. Investimentos são necessários para continuar produzindo com foco nos mercados interno e externo. Hoje somos o segundo maior produtor e exportador de etanol do mundo. 85% da energia elétrica provêm de usinas hidroelétricas, uma energia pura, limpa. Sem falar no pré-sal, que nos abrirá grandes portas”, justifica Lobão.

Para Costa, o desafio das Comunicações é captar e assimilar as mudanças ocorridas, nos últimos 10 anos, no cenário nacional. “Ainda temos uma demanda reprimida. Investimos R$ 13,7 bilhões na expansão e melhoria dos serviços das operadoras. Somente no primeiro trimestre de 2008, foram investidos R$ 2,2 bilhões, ou seja, um crescimento de 16,4% em relação ao mesmo período do ano passado. E mais: até o final de 2009, todos os municípios brasileiros terão sinal para telefone celular. Levaremos ainda Internet banda larga para 57 mil escolas e a TV Digital para todas as capitais até julho do ano que vem”, apontou.

Os dois ministros brasileiros também aproveitaram para falar de crise e eleições. “Ainda estou comemorando o resultado que conquistamos em Belo Horizonte no primeiro turno”, disse Costa, referindo-se à vitória apertada do candidato Márcio Lacerda (PSB), apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e o atual prefeito Fernando Pimentel (PT), frente a Leonardo Quintão (PMDB).

De acordo com Lobão, o mundo sairá mais forte e mais equilibrado desta crise, que não será tão profunda quanto nos Estados Unidos, Europa e Ásia. “Há três dias, fizemos uma reunião entre os ministros e o presidente Lula e chegamos à conclusão que a crise não será tão grave para nós”, descreveu.

Crise também foi o assunto tratado pelos senadores Garibaldi Alves (PMDB) e Aloízio Mercadante (PT). Ambos, inclusive, não dividem a mesma opinião sobre o tema. Enquanto Aloízio prefere acreditar que os efeitos da crise não chegarão ao Brasil com intensidade, assim como Lobão, Garibaldi não se mostra tão certo disso. “A crise se mostra com uma desenvoltura muito grande. Devemos ter mais cautela. O Brasil não será uma ilha nesta história toda”, afirmou o presidente do Congresso Nacional. “A economia brasileira está muito sólida. Os Estados Unidos pegaram uma pneumonia, foram para a UTI e nós só estamos com um resfriado», defendeu Mercadante.

Por outro lado, Zeinal Bava, da Portugal Telecom, adotou um tom mais ameno. “Temos de confiar nos bancos centrais e nos governos de nossos países, pois eles irão tomar as melhores decisões”. Segundo ele, não dá para fazer uma previsão sobre o que esta crise pode vir a ser.

Controvérsias à parte, no final da tarde de hoje, uma comitiva de autoridades brasileiras foi recebida pelo presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, no Palácio de Belém, onde falaram sobre o Seminário e a importância das relações entre os dois países.

Biocombustíveis - O presidente da Petrobras Biocombustível, Alan Kardec, e o presidente da Galp Energia SGPS, Manoel Ferreira da Oliveira, assinaram no dia 10, durante o 13º Meeting Internacional, um Acordo de Investimentos para formação de uma joint-venture com o objetivo de desenvolver projeto destinado à produção e comercialização de biocombustíveis. Este acordo é resultado do desdobramento do Memorando de Entendimentos, assinado em 18 de maio de 2007, entre as duas empresas, para estudar a viabilidade de implementação conjunta de projetos para a produção, comercialização e distribuição de biodiesel nos mercados brasileiro, português e internacional.

Denominado simbolicamente como Projeto Belém, prevê a produção de 600 mil toneladas por ano de óleo vegetal no Brasil, destinado à produção de 500 mil toneladas por ano de biodiesel de 2ª Geração (Biodiesel 2G). Metade desse volume será produzida em Portugal e a outra metade em local a ser definido, para comercialização na Europa, prioritariamente no mercado ibérico.

O Acordo de Investimentos visa estabelecer as normas de relacionamento entre as partes para o desenvolvimento do projeto. As empresas pretendem aprofundar os estudos visando confirmar as premissas utilizadas no Plano de Negócios e concretizar a parceria para implantação das operações e atividades previstas. Estabelece também que, caso confirmada a viabilidade do projeto, será constituída uma Sociedade, com capital social dividido entre Petrobras (50%) e Galp Energia (50%), ou suas afiliadas.

O 13º Meeting Internacional conta com o patrocínio máster da Portugal Telecom; os patrocínios são da Amil, Governo de Santa Catarina, HSBC e Unidas; os apoiadores foram a Contax, Grupo ABC, Grupo GP e Grupo Totalcom; as participações especiais de Accenture, Accor, Embratel, Nestlé, Petrobrás Biocombustível, Terra, Totvs, Vivo, W/Torre, Young & Rubican. As empresas brasileiras que também participam com atividades durante o encontro são Atento, Cisa Trading, Dedic e Espírito Santo Investment.

As empresas colaboradoras são Arteb, Avis, Banco Luso Brasileiro, Banco Português de Negócios, Banco Privado Português, Boat Show, Cine, Couromoda, CPFL Energia, Dedic, EDP, Giovanni+DraftFCB, Grupo Eugênio, Gran Sapore, Grupo Gocil, Golden Cross, Good Light, Grupo Serson, JW Thompson, Lan Professional, LINCX Serviços de Saúde, Luft Logistics, Maringá Turismo, Melhoramentos Papéis, NBS Comunicação, Sangari Brasil, Sodré Santoro – Leiloeiro Oficial, Suvinil, TAM, TAP Portugal, T-Systems, Tetra Pak, Tok Take, Vipal e Wilson.

(Revista Fator)

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